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A falta de algo que você não tem...

Por Samantha Pizarro e Daiane Moreira

Passam dias, semanas e meses, e a princípio você acha que não está acontecendo porque você está “ansiosa demais”, afinal sempre tem aquelas vozes que dizem: “você precisa relaxar, deixar as coisas acontecerem”. Mas aí o tempo vai passando e nada acontece, então as idas aos médicos aumentam, e os exames sem fim começam, você acaba se submetendo a procedimentos cada mais mais estranhos, invasivos e desconfortáveis, revirada dos pés a cabeça, perdendo sua privacidade e se expondo de forma vulnerável. E as agulhadas? Parecem não ter fim, consumindo todo o sangue do seu corpo e nada! Você se dispõe a chegar atrasada no trabalho ou sair mais cedo para poder dar conta de tudo. Aí chega a vez do companheiro, dele submeter a todo esse check up, de ambas as partes precisamos saber o que está acontecendo, e muitas vezes no final ainda estamos sem entender, o que é a porta das incertezas.

O dinheiro investido em testes de farmácia daria para comprar um carro, a busca dos dois risquinhos vira a loteria da vida, e nada, o tempo continua passando e o tão sonhado positivo não chega e nessa altura do campeonato parece que nunca irá chegar.

Enfim chega o dia de levar todos esses resultados ao médico e quando você parece estar preparada para o que ele poderá dizer, nunca de fato está, seja o diagnostico uma patologia ou a tão famosa ISCA (infertilidade sem causa aparente), que nos angustia mais, por não ter um parecer concreto do porque a gestação não chega. Seja lá o que for, o resultado vem como uma avalanche emocional que te devasta, o primeiro questionamento é “porque comigo?” ou “porque conosco?” queremos tanto ter filhos, tantas outras pessoas nem queriam e tem, isso é muito injusto, nos fazendo duvidar da nossa fé e crença, ou até mesmo acreditar que não sou capaz de gerar uma vida.

É preciso um tempo para assimilar, para elaborar, para digerir, para silenciar as inquietações e assim avançarmos com as possibilidades. Mas as vezes esse tempo é inexistente porque você não o tem, afinal, o relógio biológico está batendo na porta e não tem como pará-lo, e a pressão só aumenta.

Tudo que conhece ou achava que conhecia está destruído e o que resta é uma mulher juntando os pedaços, vestindo uma mascara de cacos que lembra de longe o que já foi um dia como pessoa. A mascara serve para sua proteção, para se blindar de uma sociedade que na maioria das vezes não entende a sua dor e te cobra constantemente como se só dependesse de você. Que responsabilidade, nós mulheres carregamos desde da infância, em sermos a geradoras de vida e o quanto não há empatia ao nosso redor para o negativo.

Essa cobrança é cruel, machuca, dói. Alguns dizem “ vai chegar sua vez, tenha fé”, outros “ não é para tanto, só não aconteceu ainda”, ou “ é a vontade de Deus, aceita”, e é claro que tem aqueles que querem te consolar então as sugestões são inúmeras como: fazer uma inseminação, adoção e até uma barriga de aluguel, e quando tudo não parece, pelo menos naquele momento fazer sentido, você pode ser considerada egoísta e orgulhosa, afinal existem várias formas de se tornar “mãe”.

Ninguém parece querer saber se no coração daquela mulher, lá no seu intimo ela sonhou em sentir seu coração bater fora do peito, ou de como seria sua reação quando o seu tão sonhando positivo chegasse, de como seria sentir seu bebê mexendo ou sua barriga crescendo, as veze falta empatia, as vezes falta a sensibilidade do outro., tantas vezes essa mulher não quer ouvir sua “super” sugestão, opinião ou ouvir a historia da sua vizinha ou amiga, ela quer ser acolhida, ser confortada, ouvir que pode contar com você e que tudo no fim vai acabar bem, seja lá qual for o fim dessa história, ela quer uma mão para se erguer, um tempo para se refazer, um momento para recomeçar e quando tudo estiver esclarecido e resolvido dentro dela, poderá continuar prosseguindo.

Se você conhece alguém nesta situação ou está passado por isso, você não está sozinho, busque um profissional para acolher sua angustia e juntos fazer diferente.

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